terça-feira, 25 de novembro de 2008

Ponto de partida - by Régis Nascimento

Mesmo cheia de feridas fiz da sua boca meu ponto de partida.
Fiz dos teus erros meus para não mais errar.
Trilhei sobre os corpos que você deixou.
Descansei em teus cabelos quando dormistes longe da estrada.
Não era dia, nem manhã, nem tardia a tua prece.
Era apenas tu, só, sol um fa sustenido e solidão.
No teu pranto agarrei os demonios sacros blasfemando com ira a verdade.
Seus olhos eram títeres da cidade.
Nada mais, nem você e, muito menos, eu conseguiu abraçar a própria sombra.
Só Sobrou sobras ou um sobrado no fim daquele barranco.
Tudo menos. Memória, masmorra, não morro.
Alice aperta o cadarço de seus sapatos, eu tropeço e culpo o gato.
Fujo quando pede seis, por que sei que virou um sete.
Tsuki amaldiçoa a vida, quando é negra.
Nega a vontade do criador, sai do livro, vira lenda.
E você que andava agora corre.
Minhas pernas viram penas e vôo pra te alcançar.
Amaterasu não me ama, lagrimas quentes escorrem e o chão me chama.
Olho pra cima, me estende a mão. Sorri, e com a boca de feridas me beija.

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